Quem eu já fui tinha muitos sonhos de criança, vontade de ser super-herói e até salvar o mundo de ma catástrofe.

Quem um dia eu fui desejou imensurávelmente morrer da forma mais lacrimosa possivel, com um adeus que doeria até no coração do mais bruto dos homens, que corregaria consigo a diferença em sua indiferença como pessoa. Lacrimosa centelha de luz que sai aos poucos dos olhos de alguem desistido de viver, esse um dia, fui eu.

Talvez aquele garoto deitado no lado de fora de casa tenha sido eu, pensativa criatura com os pensamentos distantes, imaginativo-pequeno-humano-caprichoso-e-chorão.

Quem um dia eu fui carregou uma enorme montanha de culpas nas costas, desejando não tirá-las enquanto cada uma de suas pedras se desprenda até não sobrar nenhuma. Quem um dia eu fui passou a falar de si mesmo na terceira pessoa e descrever seus segredos em palavras chaves, codigos, sublimações.

Quem um dia eu fui eu não sou mais.

Meus códigos explícitos à uma extremidade palpavel, chaves espalhadas pelo solo a par de qualquer um pegá-las e abrir qualquer porta da minha vida. Levando em si próprio o favorecimento em pessoa com quem nomeara com o próprio nome. Quem eu sou ainda será a terceira pessoa que eu dito, quem eu sou nao tem na mesma face traços de entristecimento. A tristeza morreu. Assassinada pelo tempo, enterrada pelo amor. Em sua lápide uma pequena mensagem de agradecimento por mesmo assim ter sido quem um dia eu fui.

 

Valdez Freitas

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