A indiferença do Senhor
Que passa ao lado do mendigo
Sentado no chão talvez com dor,
Sem sorriso nem abrigo,
Só lhe roga um prato de comida,
 
Que sem casa ou amparo
Lhe olha com olhar tímido,
Mas faminto, não pede muito,
Só um mantimento pra sustento,
 
Mas passa aquele homem arrogante
Com caminhar indiferente
A adversidade alheia...
Só o que lhe interessa é sua pressa,
Seu horário constante...
Dado e cobrado a ganância,
 
É indiferente se a hora que regressar
Aquele par de olhos famintos
Já estiverem estupefatos,
Vidrados tão logo num outro mundo,
 
Aguerrido nem cogita socorrer,
Nem pondera lhe estender a mão
Preencher a barriga do faminto
E seguir em sua corrida diária,
Não se lembra de que ninguém escolheu
Ser nada...  Sem nome... Com fome.
 
Se esquece ou nunca soube
Que a vida é uma roda gigante,
Que não para, que não tarda, nem previne,
Que o próximo pode ser você...
 
O sem piedade, que não pensa
No resto da humanidade,
Só recebe, não divide... Só exige,
E não exerce benevolência,
Será que alguém estenderia a mão
Pra você nesta situação?
 
Lembre ninguém escolheu
Ser nada...  Sem nome... Com fome,
Lhe mate pelo menos a fome,
E siga seu trajeto sem peso...
Na consciência, escolha...

Ter orgulho de sua existência.

Allinie de Castro
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