Faço versos
tal qual quem se desnuda
em público

Livre das minhas
rotas vergonhas,
busco o infinito

Como quem olha do poço,
fitando o céu,
procuro tecer
no papel da alma
meadas de desencontrados sonhos

Sonhos quiçá dilatados,
cinéreos,
aéreos,
de cálculos em oráculos

Firo o papel
com madonas,
gatos selvagens - azuis
- ou mosca tonta,
acabrunhada perante o candeeiro

Tateio o pão
de amianto e
encontro o vento

Longe do vozerio,
coloco na minha canastra
mais um verso
 
© Fernando Tanajura
 
 

Fernando Tanajura
© Todos os direitos reservados