Quando as palavras cessaram

Imperou o frio e o silêncio

O orgulho matando mais um amor infante

A vaidade superando o calor do abraço

Inocentes chorando lágrimas de sangue

Fazendo coro à voz dos mal amados

Que encorajam a covardia de alguns fracos

Impedindo-lhes de ver quão é importante

Nunca temer vitória ou fracasso

Ou o que acham disso alguns farsantes


A pura soberbia e a infantilidade

Trocam o incerto pelo duvidoso

Tolos, segurança vã de nada pesa

Pois o futuro será sempre algo novo

Seja usando seu sapato velho

ou desfilando algo mais lustroso

Nisso o amor vai perdendo adeptos

Cresce a fila dos inseguros e nervosos

Desconfiados, sozinhos e decreptos

Nesse conceito que ser só é o moderno


Esse triste fim de quem não enxergar

O sentimento dissolver em água e sal

Enganado com luzes ofuscantes

Fazendo ver tudo tão normal

A dor chega de mansinho e se instala

E torna vencedor o sorrateiro mal

Ceder é necessário e precioso

Perdão não é humilhação banal

Mas nada é tão simples e tão óbvio

Para o arrogante orgulho irracional


Perdoar é tão divino quanto belo

Há que se regar com todo zelo

Para que nunca morra o broto tenro

Do lindo romance que nasceu do afeto

Individualismo cada vez mais na moda

O amor é démodé num mundo incrédulo

Lacrando o coração envolto em mágoas

Criando este horizonte tão patético

Falta de fé e egoísmo sufocando o amor

Aprisionando a alma num inferno


Parti um dia querendo ficar

Cheguei um dia para não mais sair

Mas sozinho não pude mais remar

Naufraguei mas sempre nadei firme

Nunca tive medo de me afogar

Só queria uma mão ajudando-me

Das areias do deserto levantar

E repousar num doce colo enfim

Não soubes ainda pedir perdão, nem perdoar

Basta crer no que é positivo e rir


Estou feliz por finalmente compreender

O amor como definitivo ou eterno

Mesmo sem alguém presente ao lado

O amor está em mim em rumo certo

Não tenho mais medo de perder ou dar

No meu coração não haverá mais inverno

Acabou a efêmera visão do corpo

Não mais terei ou me farei de objeto

O gozo pelo gozo é nada mais

Que promiscuidade vulgarizando o sexo


O amor é algo puro e verdadeiro

Mentira é confundir amor com posse

Sexo com um amor positivo eleva o espírito

Ao crescimento puro, lindo e forte

Fazendo assim uma união das almas

Nunca mais haverá um orgulho esnobe

Ninguém é de ninguém, nada é nosso

Amando desinteressados somos nobres

Ficou tudo tão claro em minha estrada

E assim vou caminhando pro meu norte

 

André Ferreira
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