Eu sou o mar que entra em ti, ó pedra
E ficas muda sem gemer, com dor
Enfurecido rasgo-a toda e medras
Sem explicar direito o que é o amor
 
Em noite e dia é o vai-e-vem constante
Empurro firme o fluido em tua entranha
Jamais reclamas ou diz que é bastante
Ficas passiva e nem espuma estranhas
 
Assim percebo que o tempo passa
E te esfrangalho em pequenas lascas
Tu não respondes e a vida toda embaça
 
Se fico bravo, como em águas bascas
Torna-te areia, assim como se faça
E não percebes que desdobras cascas
 
 
 
© Fernando Tanajura

Fernando Tanajura
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