País do nunca, do não crescer
crescer, envelhecer
país do nunca, do esquecer
o pater ardiloso, tenebroso
país real, racista
resplandece a estrela
supera impera o apartheid
Bailados no taco, no palco
pernas bambas das horas
do enfado
Raça negra, da negra cor
infância promissora
pernas bambas no acerto
dos passos
Preconceito soa fundo no
âmago daquela infância
no estribilho solta o canto
o encanto
Infância perdida na
busca da glória,
inglórias das lágrimas jorradas
na solidão dos aplausos
Negra cor, sofrida dor
no contexto social no
país real sem toque nem retoques
da canção propagada
País do nunca,refúgio do passado
que pára o crescer, o envelhecer
no tempo não vivido de um novo
amanhecer para infância nascer.
José Marcos di Ayres
© Todos os direitos reservados
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