Quero ser a pessoa que nasci para ser
Permita que eu me revele
Que eu chore sem me consolar
Não tente calar minha voz
Se eu gritar, se eu falar obscenidades
Eu preciso dessa permissão
Um culto à liberdade, à expressão
Afetos meus, desejos meus.
Culpa de quem sonha acordada
Não feche essas algemas agora!
Deixe-me bater palmas só mais uma vez.
Ainda que seja pra lua ou pra meu algoz
Não me abrace sem vontade
Não me aperte contra o peito
Puna os meus delitos mais cruéis
Eu amei, eu desejei, eu fugi...
Quero ser culpada desse sangue
Arranque o meu coração
Lance-o na fonte dos desejos
Permita que eu me iluda
Guarde esse lenço das minhas lágrimas
Permita-me ser eu hoje
Deixe-me despir da moral
Me veja, contemple a minha essência
Me dê atenção, permissão.

 

Diana Inácio
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