O medo mais terrivel que tenho, é, se a poesia,
Desvanecer-se nos ventos lisos que sopram
No entardecer doce da primavera, sem culpa, padecer-se.
Nem a morte conduz-me a tal apelo.
Nem mesmo ela faz-me fechar os olhos atónitos,
Confidencialmente banhados em zelo, apagar-se.
No entanto, entristeço-me mais a cada dia,
Em ver-te os versos tão profundo quanto o mar,
De cristalinas algas flutuantes, calmas, serem ignorados.
Em poesias minha ‘alma repousa,
Em teus braços de colos reconfortantes, adormece.
Encareço-me suplicando-lhes o mínimo de afeto,
Consideração por mínimas lágrimas, quaisquer que ela seja,
Mergulhado no sentimento do mundo,
E em infindáveis soluços rítmicos em versos,
Entregando-se ao poeta.
 
Em Ode no Cinquentenário do Poeta Brasileiro, Drummond,
Em plena embriagues de sua alma traduz-me assim:
"- Sua poesia não é de ninguém, além de tua,
Poeta balsâmico,
És tua, só tua".
Poemas esquecidos clamam a singela compaixão
Não ouvidas pelo coração, incrédulos!
Sai de trás de si!
Mostre-lhes sua face!
Humilde infante desenhado de inertes movimentos,
De fleches, ressoando o que não és.
Diga-lhes, o vão de teu abismo,
Que ecoa um som que nem mesmo tu
Sabes explicar-nos,
Diga-nos?
 
 
Morro com ela e esvazio-me nestes versos.
Clamo, aos poetas,
Que em seus versos não se prenda em palavras,
Que em teus pensamentos de criança,
Escreva a sinceridade e a graça inesgotável
De tudo quanto exige um sorriso belo,
Numa risada, tão risonha,
Que rir-me o coração e sangra-me aos olhos numa explosão celestial.
Meu corpo inerte projeta minha morte,
Mas não me atingindo.