Meus olhos ardiam e minha mente estava turbulenta
Mal conseguia pensar, refletir, um pouco respirar
E todas as cores eram negras. E todas os dias também.
Não havia paz, e nem vida alegre, em momento algum.
Só podia esperar, esperar, até a turbulência passar
E talvez me levar, a lugares mais distantes
Onde não mais pudesse entrar tanta dor
E talvez houvesse finalmente paz
E pedi inúmeras vezes, por orações, por um milagre
Por um perdão que fosse, para que pudesse viver
E recomeçar, de qualquer forma que fosse
Mesmo doente, Deus haveria de me curar
Algumas vezes, o dia ficava branco, por clarões
Não eram relâmpagos, mas a dor que me açoitava
E eu me perdia, e depois voltava,
Mas só quando ela diminuia
Não sabia quando viria, mas sabia quando estava lá
Aquelas pontadas inconfundíveis, mal conseguia
Caminhar, ou pensar... como viver...
Só podia enfrentar, para que ela não me levasse,
Aquela dor insana, que me fazia perder os sentidos
Me comia por dentro, silenciosamente
Ninguém diria - comentavam, duvidando.
E de joelhos eu só podia pedir - misericórdia.
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