Meus olhos ardiam e minha mente estava turbulenta

Mal conseguia pensar, refletir, um pouco respirar

E todas as cores eram negras. E todas os dias também.

Não havia paz, e nem vida alegre, em momento algum.

Só podia esperar, esperar, até a turbulência passar

E talvez me levar, a lugares mais distantes

Onde não mais pudesse entrar tanta dor

E talvez houvesse finalmente paz

E pedi inúmeras vezes, por orações, por um milagre

Por um perdão que fosse, para que pudesse viver

E recomeçar, de qualquer forma que fosse

Mesmo doente, Deus haveria de me curar

Algumas vezes, o dia ficava branco, por clarões

Não eram relâmpagos, mas a dor que me açoitava

E eu me perdia, e depois voltava,

Mas só quando ela diminuia

Não sabia quando viria, mas sabia quando estava lá

Aquelas pontadas inconfundíveis, mal conseguia

Caminhar, ou pensar... como viver...

Só podia enfrentar, para que ela não me levasse,

Aquela dor insana, que me fazia perder os sentidos

Me comia por dentro, silenciosamente

Ninguém diria - comentavam, duvidando.

E de joelhos eu só podia pedir - misericórdia.

Miriam Azevedo Hernandez Perez
© Todos os direitos reservados