PAIXÃO DE UM VASSALO

Salpico de pétalas florais este chão em que pisas,
Ladeado pel’as mais lindas corolas, a imaginar;
Faço-te rainha deste recanto bucólico, e suspiras,
Ao êxtase visual do flóreo intento em me açorar.

Sou o fiel súdito a serviço da tua régia nobreza,
Auriga da carruagem que te conduz ao passear,
Pelos bosques, pelas campinas, e com destreza,
Quer o teu coração com muito amor conquistar.

Arfante anelo a uma lucúlea senhora e soberana,
Sublime criatura! A um vassalo incitaste paixão!
Ao mais plebeu dos homens que nunca reclama,

O vitupério de uma rara beleza com resignação.
Sou o súdito apaixonado que submisso te clama,
O amor impossível, com a mais singela abjeção.