Li em um famoso periódico
que está na última moda,
nos colégios afamados,
a ininterrupta virtual vigília.
O que antes era da família
e, porque incomoda,
transferiu-se a pedagogos preparados;
agora, está a cargo do olho robótico.
Este aparato tecnológico
que, embevece a toda sociedade
sob o subterfúgio da segurança,
evidencia o preceito beócio
de transferência da responsabilidade
ao logradouro em que a moral não a alcança.
Corroborada pelo comodismo latente
que sucumbe o discernimento
da coletividade dita civilizada;
a pretexto de tranqüilidade permanente,
a tecnologia espia até o parco pensamento
de uma juventude, em cerco, alienada.
Isto tudo reflete a orfandade
em que se encontra a humanidade
não obstante, vencedora de tantos obstáculos.
Os pais inabilitados para a convivência,
os mestres incontestes às diferenças;
enquanto isto, a nação pasma, alheia ao diálogo.
Estes versos se originaram de minha indignação após ler uma reportagem sobre a moda nos colégios de São Paulo, de vigiar os alunos, em tempo integral, nas salas de aula e demais dependências da instituição, com circuito interno de tv.
Prova cabal do perecimento da capacidade do homem moderno para aceitar as diferenças, para o diálogo.Curitiba
Licença
Sob licença creative commons
Você pode distribuir este poema, desde que:
- Atribua créditos ao seu autor
- Distribua-o sob essa mesma licença