Nosso corpo é matéria hirta
ora de cristal, ora de estrela;
quando desnudo de sentimentos, pedra brita
sem essência, sem beleza.

Meu corpo tal cristal virgem
comportava-se a tua espera, em agonia;
células quase mortas em simetria.

E lá fora do bar e do físico
os sentimentos dispersos e aflitos
aguardando-te em nua vertigem.

Tão logo tu te aproximas
toma-me um fogo de enormes labaredas.
Com teu sorriso largo, tu me iluminas,
matéria e essência transcendem-se-me em estrela.

Quão efêmero tempo durou, todavia,
naquele lugar, a luminescência,
o interstício apenas de tua presença.
Entretanto, se tu te vais, despertam em breus, os meus dias.

À tua anunciada despedida
quão sem vida,
fosco e oco
transfigura-se meu corpo,
sem valia, um mero objeto.

É que tu te apresentas a mim
ora demônio, ora querubim;
à luz dos dias, às noites escuras
passeias com desenvoltura
e toma-me o corpo, o espírito e o cérebro.

Curitiba