Quando agradeço a miséria
Em que vivo é que, se não me descarta
Há muito que vejo, não me descarna!
Melhor que teu gosto cruel
Que não passou de uma pilhéria
Depois de me fazer sonhar, deixou-me ao léu.

Ah, triste e presunçosa histeria
que se apossa de mim como navegador errante,
como infante bravo em sua escuderia...
Estouraria manadas, se fôssemos amantes.
Se não te esquecesses no outro dia
dos meus braços, na noite de antes...

Bárbaro seria não existir!
Se somente não existindo eu pudesse
Querer invadir tuas praias com minha nau,
Tensionar minhas velas, em teus ventos quisesse,
Não haveria perigo nem mau:
- Seria abrigado em teu regaço arfante!

 

 

 

 

 

 

 

Pedro Aldair
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