Pego no meu lápis de carvão

Pego no meu lápis de carvão
Olho para aquela folha branca que espera as minhas palavras
Dou um suspiro e começo a visualizar
Vejo-te a chorar e não me espanto
Falta-te o calor do meu abraço
Um carinho no rosto
Um beijo para te deixar bem
És uma serena flor que se reveste de amor
Então as palavras começam a sair
Algo tipo sem saber
Apenas vão surgindo naquele papel
E saiu algo assim
 
Na manhã ao acordar
Só a ti te vejo na minha vida
Em tudo desde o banho tomar
Até a roupa estar vestida
 
Depois durante o dia
Qualquer coisa que esteja a fazer
Tudo me lembra de ti
Tudo me faz mais te querer
 
Tu fazes-me sonhar
Voar no espaço
Sentir-te comigo
Acolher-me no teu regaço
 
Em ti eu penso
Sempre contigo a querer estar
Dar-te a mão num passeio
E sentar-me contigo á beira mar
 
E as letras vão acabando
Porque quero ter a coragem de uma coisa fazer
Que é estar à tua frente
E tu o que me vai no coração te dizer
 
E as palavras terminam naquela folha de papel
O lápis se gasta
E eu pego na folha e guardo num envelope
E não a consigo enviar, porque a coragem para escrever eu tive
Mas tudo o que escrevi quero dizer-te para ti, nos teus olhos a olhar

 

paulo povoa
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