Foi entre os abrolhos da varanda, na primavera

Na estação das flores, que augusto na janela,

Senti pela primeira vez suave perfume,

O acaso despontando em raios de lume.

Eu me lembro... o acetábulo repleto de flores,

Derramava agróstis em ramas e odores,

E as abelhas aos milhares zumbiam

Para o néctar embriagador e, caiam.

Sobre a caboatã, o cantar alegre e festivo,

Do fogo-pagou, e do pulular ativo

Do bem-te-vi, o triste-vida, seu cantar abafa,

E fazia cenas do pipitar com o pintassilgo-da-mata.

A aurora despontada trazia o frescor e o regaço,

Enquanto as emas, ávidas da caça no lago,

Fazia entre as açucenas coloridas,

Das dezenas de borboletas parecidas.

Era o jardim da primavera, mas parecia o céu,

Ah! Que encanto, seria o éden, seria meu vergel?

Deito-me na rama, olhos fechados, ouço e paraliso,

Há movimentos, há vida em profusão... é o paraíso.

Meu Deus. Que céu esmeraldino, me canso de cantar,

O que não faria Meu Deus, nesse altar

Tanta luz, tanto frescor e vida, animalzinhos ao léu,

Pequeninos insetos e grandes aves dos céus.

Abro os olhos... o céu colorido os pássaros festivos,

De galho em galho, as ramas em flor, revivo,

O espetáculo da natureza, paradisíaco,

Oh! Senhor, obrigado pelos encantos do céu.

Levanto-me e me deixo ficar, do meu cantar as rimas,

Os cavalos em corridas loucas pelas campinas,

E o vôo das marrecas e seus gritos estridentes

Sorrio feliz, entender o vôo aeróide e precedente.

Lentamente caminho por entre as margaridas brancas,

Enfeitam a trilha, qual jardim colorido de alianças,

Tão grande e dedicado jardineiro, agradeço...

Do fundo da alma minhas preces também ofereço.

30.09.07

Douglas Nunes
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