Pense bem meu amigo!

Feche a porta com força!
Use todos os seus músculos
ao tentar segurá-la,
mas tenha a certeza
que é apenas uma questão de tempo!

A morte está do outro lado
com uma infinita paciência...

E aí?
Agora que sabes que ela está
a menos de um metro de seu corpo,
como você vê a vida?

Teve algo que querias ter feito e não fez?
Talvez por preguiça ou exaustão.
Mas e agora?


Tem certeza que só agora
é que você morrerá?

Você cometeu erros
perdoáveis,
ou só perdoava o que convinha?

E quando você não
agüentar mais segurar?
Quem você vai chamar para
te ajudar? E quem viria realmente
ajudar-lhe, com o perigo de encontrar a
morte iminente? Quem é que franziria todos
os músculos da face nesse momento, e não diante
do caixão? Quem que lhe concederia uma compaixão
verdadeira, que é exatamente de sentir o que sentes?
Quanto dinheiro você ainda tem nos bolsos?O que
você poderia ter comprado com esse dinheiro,e
não comprou, apenas para ter mais? Olhe
para o telefone, talvez ele toque. Aí você
morre conversando com alguém que sim,
deseja ouvir sua voz. Se fosse sua esposa,
o que você diria para ela? Sabendo que
a morte já está com os dois pés na sua
sala, o que você gostaria de lembrar?
Filhos, animais de estimação e café
da manhã? As amantes que teve,
mentiras que contou, as posturas
sociais? Aquele choro seco que
esboçou no caixão do colega?
Os anos de pura ambição
onde deixou de presentear
sua família, só para pagar
uma cervejada com seus
amigos, ou uma prostituta...


Você vai querer mais um cigarro?

Ou preferirá um abraço?

Um corajoso ato de peitar a morte

já lhe é suficiente?

Pense bem meu amigo,

pois já estás estendido no chão

e não fizestes nada

por tanto pensar.

Um questionamento existencialista sobre a morte, quando se está dois passos diante dela.

Rancho da pamonha