No escuro véu dos caminhos
Matas, campos, montanhas
Pedras, vias pavimentadas
Também, por vezes, claridade

Desses caminhos escuros
Ou claros
Contemplei céus cinzentos
Nublados ou azuis

Nem sempre descansei
À sombra de uma árvore
Houve feitas em que simplesmente
Deitei-me, às noites, ao relento
Contemplando estrelas ou o negror infinito

Vi muitas luas mutantes
Cheias, minguantes, crescentes ...
Amarelas, brancas, cinzentas ...

Estava acompanhado e só
Triste e alegre
Sentia-me um vencido ou um vencedor

O tempo passou
O tempo
As pessoas passaram
Morreram, se afastaram

A vida passou
As lembranças ficaram
Tenho você
Minhas noites são desde então imutáveis
Não há mais sombras
Céus escuros ou ao menos nublados

Há um brilho deslumbrante
Resplandece a vida
Explodem os sentidos
As esperanças deixaram de ser esperanças
São realidades
Depois de VOCÊ ...

São Gabriel, fevereiro de 2005.