Para a mulher amada

Mulher, te amo,
e nem sei bem porquê.
Me confundo quando te assanhas,
e então, falham sempre
meus artifícios e artimanhas
para mais te aprender.

Não será tua beleza,
nem tanto o teu jeito de ser
e ficar me olhando
co'os olhos oblíquos, parados,
quando estamos a sós,
perdidos pro mundo,
trêmulos e apaixonados.

Tua cabeça lúcida... não,
nem a suave incerteza que me passas,
e que traduz o nosso dia-a-dia.
Talvez, quem sabe, a cartesiana harmonia
dos mesmos olhos em mim fixos
ou de teus arroubos prolixos
quando discursas sobre as artes
e a vã filosofia.

Teu corpo... quem sabe?
É justo que também por ele te ame,
pois que nele sempre
me acabo exaurido;

porém, me atrai sobretudo
em ti tua inocência bruta
de menina moleque e a perigo;
teus ciúmes e a contida impaciência,
e até o cruel desdém que me impinges,
quando às vezes finges brigar comigo.

Me pergunto porquê te amo assim...
mas desisto. Enfim, desanimo,
e já nem mais sei o que definir.
Te amo apenas, tão urgente
e de um modo tal, que me
machuca e envenena,

mas que traz em si,
pequena, o antídoto
e a cura final.

Listen,
do you want to know a secret?
Do you promise not to tell?
Closer,
let me whisper in your ears,
say the words you long to hear...
I'm in love with you.

(Ouça,
você quer saber um segredo?
Promete não contar p’ra ninguém?
Chega mais pertinho, meu bem,
deixa-me sussurrar em teu ouvido,
deixa-me dizer as palavras
que queres tanto ouvir...
Te amo muito.)

Búzios, num dia de chocolate e marshmellow...

Fernando Naxcimento
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