(carnaval de 2006, segunda-feira-gorda, Búzios, entardecer...)

Estou em paz, contente...
no meio de toda essa gente
me sinto só e feliz, e solidário
com as luzes que emanam de ti.

E uma nova razão me vem,
nesse circadiano passar do tempo...
Agora, nada me distrai, nada confundo
do que é grotesco, do que é mau,
do que é perigo.

Mamolengo, lanço um olhar amigo
pro céu e pr’horizonte, intimorato
no fluir das horas, desavisado -

O desprezo supremo ao risco e ao chão cariado,
olhos nas estrelas, miríades delas, estrelas rútilas,
sempre! Até na hora da saída desse mundo
e depois da saída...

Porque estás aqui, querida,
sempre comigo, as imagens dançam
e o coração dispara.

Meus olhos antevêem, proféticos,
em meio aos astros, alguma passagem rara
de rumos cabais p’ro teu coração...

É a certeza de que tenho uma alma
e um corpo só para ti, em mil dobras
que me apequenarão
para caber, quentinho,
"na tua mão,
na tua palma.”

No meio do carnaval, abre-se uma brecha de lirismo e de realização de um amor completo.

Buzios, segunda-feira-gorda

Fernando Naxcimento
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