Sob uma abóbada aveludada

Deixo que as horas escorram,

Exaustas! Tão fatigado estou

Que não percebo a tagarelice

Dos astros... E falam bastante,

E gritam sobre meus tímpanos.

 

O sol se esconde sob as serras,

A tempestade azucrina o espaço,

Espessas gotas de chuva caem

E os ventos assobiam espasmos.

Nuvens hediondas se espalham,

Anunciando enxurradas febris.

 

A claridade do dia torna-se noite,

As estrelas despencam cadentes...

A lua, tímida, desaparece tonta

E não alumia ensejos passionais.

Relâmpagos riscam na natureza

O estrondar dos trovões triviais.

 

É então que a humanidade tece

Palavras de ajuntamento oratório,

Buscando entender o transformar

Do tempo... O temor é abundante,

As consciências líricas desvendam

Que o nada é simplesmente tudo!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

Ivan de Oliveira Melo
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