Olha pro céu e veja como flutua
Bela e desejada a pipa "avoada"
A molecada corre tão despreocupada
Pela rodovia, pelo mato, pela estrada

E lá vêm o carro, também tem buraco
Tem postes enfileirados em frente ao barraco
E um menino atravessa a rua olhando pra pipa
Não vê o buraco bem ali na esquina

Ele enfia a perna no fundo e quebra pé
Mas que agonia, coitado do zé
Outro garoto, também olhando encantado
Não percebe que vinha um carro do seu lado

O menino voa na direção do muro
Ele não percebeu o perigo no escuro
Sim, era noite, hora de criança dormir
Mas de dia a pipa também já fez muito menino partir

E aquele outro perdido na beleza flutuante?
Bateu no poste, ficando delirante
Se tornando alvo fácil de gente tratante
Pobres crianças amantes do papel esvoaçante 

Um pedaço de papel que voando no vento
Se torna um tesouro na maldição do tempo
Não importam quantos já se foram por segui-la
Ela voa sem direção e muitos que a seguem perdem a vida

O mais curioso é que muitos ainda perseguem pipas
Embora não sejam mais meninos ou meninas
O papel no vento se tornou outras coisas
E o poste, o buraco ou carro mudaram também
Seguem ideias, pensamentos ou estranhas pessoas
Que não simportam com o bem de ninguém

São coisas que flutuam e logo somem
São coisas medíocres criadas por homens
E também por mulheres, é claro
Não é que eu esteja julgando e apontando
Mas será que as pessoas, se auto sabotando,
Não veem que essa imaturidade custa muito caro?