MARIA

Sim, nasci para viver com as mulheres,

desde mamãe até a que consideravam a mais perdida,

a que, enfim, me ensinou coisas da vida

que nem papai poderia,

afinal,

quanto mais eu ia ao terreiro

mais na igreja ele cria...

Com algumas fui feliz, sonhavam entre meus braços,

sonhavam com barcos onde eu era o capitão,

no céu de nuvens rosas e cinzas tracei arcos,

lancei âncoras, aportei e descansei meu coração...

Com outras provei do medo da forca,

revi meus conceitos, amassei bulas,

fui o louco a tantas loucas,

palavras, ela disse: engula...

Arrepender-me do que se tudo de novo viveria,

as lágrimas que tornei doce, o que me arrepia

mais e mais quando de tudo me lembro,

é que nem era ainda setembro

e ela, a melhor de todas,

disee-me, rindo,

encostada a mim,

meu nome é Maria...