Como que transportado para um tempo ancestral
Ouvi o choque do aço em colisão.
Em meio ao massacre nos campos de batalha
A cor metálica se fez escarlate...
É chegado o dia da aniquilação
Onde acontecerá um eclipse no tempo.
A barbárie humana durante a guerra
É movida pelo odor da bruma de sangue
Proveniente do instante de silêncio feroz.
Os taciturnos espectros da morte
Rondam cada soldado e cavaleiro
Enquanto assobiam a canção da partida.
Ébrios momentos de carnificina
Nos pesados galopes de pesadelos vivos
Iluminam com sua fúria ígnea
O limiar de uma vida que morre...
Vários mártires da danação
Emergem-se dos escombros de um mundo vermelho.
É um mundo construído para os vermes
Onde os brados frenéticos são canções de ninar
E o melhor perfume é o dos anjos da putrefação.
A lança que perfura o broquel...
O féretro carregado no lombo do burro...
A dor flamejante de um golpe dantesco...
Oh! Quando a inocência conhece o inferno,
Mesmo Lúcifer se torna mais brando...
Vejo o jovem que nunca antes havia matado
Fazendo preces e pedindo forças para matar.
Deuses da guerra: Irônicos e sarcásticos.
O conturbado clangor das armaduras quebrando
É como um prenúncio à entrada ao paraíso.
Inimigos mortais que não se odeiam
Trocam bravatas verdadeiras:
"Teu cadáver alimentará os corvos!" diz um;
Ao que o outro replica: "Fraco ou forte tu não receberás piedade!"
Crianças nas quais a harmonia da vida se perdeu
E as sementes da cólera germinaram...
O fogo e a morte lambem a tudo com a língua do destino.
Rastros de destruição, marcas da orfandade...
Um universo de desespero que vai muito além do infinito
E consegue anular até a quintessência dos sonhos.
Caminhos cuja lama se formou através do sangue
E onde as pedras da estrada são os túmulos
Daqueles que construíram os alicerces da ruína
E agora observam o vasto oceano rubro
E as estátuas formadas por crânios...
Sombras vãs num céu chuvoso que lamenta.
Vultos alados de sombrios demônios
Apanham os trincados lauréis
Em meio à voragem e à ferrugem dos metais mortos
Enquanto firmam o derradeiro juramento de batalha:
"Matar até meus irmãos para que eles vivam em mim!".
Ver que a ascensão de um deus da paz,
Em verdade um soldado célebre por diversos assassínios
Se dá em meio ao caos e o pavor:
O tempo transformou este "santo"
Em um ser puro que nunca brandiu uma arma.
Orações são criadas como hinos de guerra:
"Pai nosso que está no céu,
Dá um alvo à nossa lâmina e abençoa nosso broquel!".
Ah! As bases de areia de uma Babel esquecida,
O corpo frágil apodrecendo ao ar livre.
Espadas, machados, lanças e arcos e flechas...
(Luz ilusória de instrumentos que tombam como trovões).
Um dia tingido de noite por luto,
Porque a guerra fez do mundo um ermo vazio...
Grande hecatombe insana;
É esse o retrato que vejo da guerra...
...
Estandartes rasgados, armas tombadas...
Vejo o ápice da esperança ser reduzido ao absoluto zero
Nos olhos de um homem que encontrou seu fim
Assim como também se findou a minha esperança...
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