O "Sol da Justiça" - Por amor e não por medo...

 Diante do Tribunal do Santo Ofício, Galileu Galilei foi obrigado a abjurar de sua opinião cintífica de que o Sol era o centro do mundo.

A Teoria Heliocêntrica não era aceita pela Igreja. Galileu foi perseguido, torturado e julgado por heresia.

Depois disso tudo, foi obrigado a ler a sentença de sua abjuração: "... Mas porque este Sagrado Ofício ordenou-me que abandonasse completamente a falsa opinião, a qual sustenta que o Sol é o centro do mundo e imóvel, e proíbe abraçar, defender ou ensinar de qualquer modo a dita falsa doutrina. Eu desejo remover da mente de Vossas Eminências e de cada cristão católico esta suspeita corretamente concebida contra mim; portanto, com sinceridade de coração e verdaeira fé, abjuro, maldigo e detesto os ditos erros e heresias, e em geral todos os outros erros e seitas contrários à dita Santa Igreja..." ( Roma - Convento de Minerva, 22 de junho de 1633.)

Para a Igreja, o movimento do Sol era o que estava registrado em Josué 10:13: "E o Sol se deteve, e a Lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos..." . Era o senso comum, aquilo que a observação presenciava todos os dias. A concepção era de que a Terra era o centro do mundo e o Sol girava em torno dela, Teoria conhecida como Geocentrismo.

Josué, substituto de Moisés, tinha como tarefa liderar o exército de Israel à Terra Prometida, terra esta que estava ocupada por inimigos. Então, numa batalha contra os amorreus, Josué percebeu que não lograria êxito se o Sol se escondesse atrás das montanhas. Orou a Deus, pedindo que o Sol parasse o seu curso. Usou, na oração, o senso comum.

Tendo Deus ouvido a oração, fez com que os guerreiros experimentassem um grande dia de Sol.

Em pleno século XVII, por conta dessa passagem, muito conhecida, a Igreja tinha receio de que uma contestação jogasse por terra a autenticidade da Bíblia Sagrada, o que poderia colocar em risco a fé no Cristianismo.

Josué fez a oração usando os recursos do conhecimento diponível na época.O Sol não parou, mas a Terra. O movimento da Terra foi desascelerado em favor de Israel. Isto não invalida a autênticidade da Bílbia, pois Deus permitiu que os homens a escrevessem usando os conhecimentos vigentes.

O caso estava sendo interpretado pela Igreja apenas literalmente, valendo o que estava escrito. O perigo dessas interpretações ao pé da letra é que elas podem levar  um "camelo a passar pelo fundo de uma agulha".

As más interpretações levam os estudiosos a usarem cada vez mais recursos exegéticos, tendo como pano de fundo os costumes, o tempo, a visão de mundo, a geografia, a linguagem e a cultura do povo.

No caso de Galileu, a Igreja resistia aos avanços da Ciência, tornando-a herética e desprezível aos olhos dos fiéis. Por isso, pode-se afirmar que cada época tem suas verdades, mas nenhum conhecimento pode ser fechado em si mesmo. Volto a afirmar que se Jesus não respondeu a Pilatos o que era a verdade, é porque a verdade é transitória.

Galileu tinha razão, estava à frente "das verdades da Igreja", o que para ele redundou em maldição.

Com o tempo, o que era heresia transformou-se em conhecimentos científico comprovado. O Heliocentrismo e os movimentos da Terra são amplamente reconhecidos pelas autoridades eclesiásticas.

Fico pensando se o Tribunal do Santo Ofício realmente acabou, ou se ainda existe de forma camuflada, punindo e amedrontando com o "fogo do inferno" aqueles que divergem dos padrões impostos pelas doutrinas dos homens. Quantos têm abjurado de seus sonhos, valores e cultura por causa da imposição dos Tribunais Psicológicos de Lavagem Cerebral espalhados por todos os cantos? 

O desabafo do apóstolo Paulo ainda serve para os nossos dias: "Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Não nos submetamos ao julgo de escravidão." ( Gálatas 5: 1).

Baseados nessa liberdade, abjuremos não dos  sonhos, mas de toda a falsa doutrina, de toda a submissão e manipulação que nos impeça de viver uma vida plena de satisfação e alegria.

Tiremos o julgo dos ombros, permitamos que Jesus Cristo seja o nosso prazer e não a nossa obrigação por medo do inferno. "Mas, para vós outros, que temeis o meu nome, nascerá o Sol da Justiça, (Jesus), trazendo salvação nas suas asas. Saíreis e saltareis como bezerros soltos (livres na estrebaria.) (Malaquias 4:2). 

Selma Nardacci dos Reis
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