O CAMINHO NA FLORESTA

No instante em que olho para trás o futuro me escapa,

sinto que se enrosca na minha carne uma farpa

do passado, o sangue aviltado jorra,

tenho esta mancha na minha honra,

ter deixado que ela fosse embora,

queria viver meu próprio pecado

como se tudo fosse feito só de agora...

 

Um erro pode ser consertado,

um crime pode ser punido,

um vidro pode ser quebrado,

mas um homem pode não ter percebido

que viver duas vezes a mesma coisa é impossível:

o beijo dado agora já não é mais como o antigo...

 

Temer, quem não teme?

Tremer, quem não treme?

O caminho que um passa o outro pode não passar,

o sino que um toca o outro pode não escutar;

assim é o caminho na floresta,

alguns tudo tem,

a outros nada resta...

 

O sangue ferve de maneiras diferentes,

uns o tem gelado,

outros bem quente,

mas só sabe como usá-lo para viver ou morrer

quem nunca teve medo de ficar e se lembrar de esquecer...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Prieto Moreno
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