O luar do meu sertão
Não há outro pra igualar
Tem fulgor e tem clarão
Faz gosto se contemplar
 
A lua é mais faceira
Anda no céu devagar
Como uma virgem a sorrir
Vive bailando no ar
 
As noites aqui no rancho
Sozinho na solidão
A lua é meu enlevo
Meu sonho e minha paixão
 
Olhando a sua beleza
Me vem logo inspiração
É prêmio da natureza
Este luar do sertão
 
Quando estou na cidade
Sinto falta do luar
A noite sento-me à calçada
Não a vejo clarear
 
As luzes nos atrapalham
Ninguém olha para o céu
Sei que está escondida
Coberta com branco véu
 
Até a lua se esconde
Fugindo de tanta gente
Ela gosta mais do campo
Da relva pura e inocente.

MARIA AGLAIDE NEVES
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