PRATICANTE DE ERMIDAS

Era como a Flor do Lácio, muito mais inculta que bela,
Refolho avernoso  era o induto que sua Alma vestia. 
Via atroz de uma mulher que em confissão na capela,
Sonegava verdades que nem seu digno amado previa!

Travestida de religiosa sonhava um príncipe para ela,
Mas o seu nefasto coração em repulsa de dor carpia,
Com as investidas amorosas aos incautos da sentinela,
Era a pretensão financeira,  o céu que ela mais queria. 

Em genuflexo murmurava, clamando a padroeira dela,
Julgando-se divina, nos sacros cânticos da ave-maria;
Tão sagrado era o domingo que levava a sua almocela,
Findada a missa noturnal seu paradeiro ninguém sabia

Praticante de ermidas, achava o prosônimo uma balela,
Calcada numa fé sibilina da santa Bíblia nada entendia
Convicta do portal do éden, era mira desta vã donzela;
Por ironia do destino, à Deus, perdão por ela eu pedia! 

Rivadávia Leite

Rivadávia Leite
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