ROTINA

Vejo seu olhar amortecido,
sem brilho.
Sua presença é constante
todo dia é dia.
Segunda a sexta,
sua presença é constante,
previsível.
Não temos assunto,
só cumprimos o ritual,
o convencional, nos
desgastamos, nos
entreolhamos, o olhar
é peco, nada diz
O dia vai e vem, morremos
entre o ir e vir
Nos acostumamos, nos
azedamos, nesse doce
amargo do entre e sai
sem nada falar.
O olhar nada diz, apenas
fica infeliz.

José Marcos di Ayres
© Todos os direitos reservados