Corpos desnudos, pensamentos de lascívia,
Almas candentes, desprezando a solidão.
Amantes rudes na alcova permissiva,
Cheiram a suor sob os lençóis da inquietação.
Sol já se pôs, caiu solene o véu da noite,
Ambos molhados sobre a cama incandescente.
Lá fora é frio, madrugada traz açoite,
Corpos sedentos, excitados e carentes.
Insinuantes, tal riacho em curva mansa,
Beijos profundos, sofregando de emoção.
Mais uma noite, e os amantes não se cansam,
Pois o perigo lhes embala o coração.
Mas o destino tem também os seus caprichos,
Aos mais incautos, sempre é bom se prevenir.
Achou por bem deixar um deles aos suplícios,
Levando o outro à triste sina por trair.
Quando o marido, ao confirmar a sodomia,
Num gesto insano de angústia e morbidez,
Matou o amante e se matou, por ironia,
Deixando à amante, a dupla dor da viuvez.
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