Ligo a televisão
Passo os canais, nenhum me interessa,
Todos os canais são iguais...
Saio para o quintal
Sinto o vento, frio e gelado
E me arrepio...
Só agora percebo que tudo é igual
As árvores, com suas folhas cinzas, não florescem mais.
Os pássaros, com seus cantos mudos, não alegram mais.
Tudo é igual a ontem
Tudo é igual a sempre...
Todos os dias são iguais
Mesmo o cinza do sangue que escorre de minhas veias
Que a pouco cortei com a faca de pão
Mesmo o sangue é igual ao que doei ontem
Ou mesmo ao que era puro há um mês.
Tudo é tão igual...
O ar que respiro está ficando raro
Meus pulmões forçam e exigem que eu tire o saco plástico
Que coloquei em minha cabeça.
Mas, mesmo que o tire,
Respirarei o gás que há meia hora foi ligado...
Até os gases são iguais...
Sem sentido, minha vida, sem sentido.
Pra quê continuar?
É melhor desistir...
Antes que eu fique bem
E me acovarde novamente...
Onde guardei minha arma?
Santa Barbara d'Oeste - SP
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