De fato, doce e querida amiga:
é o poeta, um, como que, semi-deus, vivendo num mundo paralelo que nasce da sua própria imaginação, através da ponta da sua caneta. Tem a prerrogativa de roteirista da própria novela. Nela, desempenha os mais complexos e variados papeis, à sua vontade manifesta e ao seu bel-prazer.
Agrega ainda, este ser plural, várias nuances necessárias ao desenvolvimento da trama: é vilão, mocinho, vítima e algoz... ainda, para descrever o sofrimento, é necessário conhecer a dor e, nesse mister, é o poeta, de fato, um verdadeiro “conhece-dor”.
Ainda nessa linha, é um poeta uma alma livre, pois cultiva a poesia, sinônimo de liberdade. Nasce livre, vive livre e torna-se imperiosamente necessário que morra livre.
Se os pássaros aprisionados cantam, cantam de tristeza e seu canto é melancólico... Tampouco os felinos enjaulados possuem no olhar opaco, o viço e a altivez dos reis da savana.
Não poderia terminar essa réplica, de outra forma que não fosse citando o imortal Pessoa:
"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente..."