MORRE O HOMEM, VIVE A POESIA

 

Mulher, tu sabes me dizer
Quando foi que a poesia sucumbiu?
Quem a matou erradamente no verbalizar?
Diga-me onde a estão velando_ quero
Vê-la com os meus olhos encharcados de lágrimas,
O meu pesar é deveras consistente...

Diga-me que esta mentira não procede_
Ainda que seja verdade, eu me recuso a crer...
O meu sofrer sinto aliviar...  
Não...! Não...! A poesia não morreu!
Eu a sinto no turbilhão de pensamentos;
Eu a vejo rabiscada n’um pedaço de papel...

Ela está presente no dobrar da esquina;
Ela está no cruzamento, no momento exato
Em que o sinal fica vermelho pra muitos
E verde pra outros_ Até mesmo na imprudência,
Dos que conduzem a desgraça em suas máquinas;
A poesia não morreu, está viva falando sobre a morte...

A poesia existe no menino que cheira cola na calçada,
Está no pivete que furta uma bolsa e corre_
Corre em direção da sua própria condenação,
Sob olhares dos que nada podem fazer...
Está na normalidade do cotidiano (normal?)
Está no descaso de quem tanto prometeu em campanha...

Ah! Mulher, por que me pregaste esta peça?
Com que intenção tu falastes que a poesia morrera?
Acaso tu não suportas mais os meus versos?
Saiba que a poesia não morre_ Viva ela permanece_
Morre o poeta para poder viver nos seus versos...
A poesia está no saracotear da mulher que anda!

Mulher, tu sabes me informar
Quantos poetas anônimos existem?
Quantos versos são escritos por dia?
A poesia está no dia a dia da vida;
Ela está cada vez mais garrida;
Em cada verso criado permanece fortalecida...

A poesia nasce no existir da dor_
Ela expira sob um falso ardor,
Alegra-se no peito d’um casto doador_
Alegra-te mulher quando o poeta
Exaltar-te amorosamente em suas estrofes,
Enquanto houver inspiração ela florirá...
 

Jairoberto Costa
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