Nos oito pés do quadrão


Quando a seca alarmante
Leva o cabra retirante
Pra cidade tão distante
Do seu amado sertão,
A saudade do seu chão
Se ele for um violeiro
Vai mostrá-la por inteiro
Nos oito pés do quadrão.

Fazendo verso rimado
Também deixa seu recado
No martelo agalopado,
Na ligeira e no mourão.
Mostra sua inspiração
Na canção, na gemedeira,
Na parcela, na rendeira,
Nos oito pés do quadrão.

É bonita a poesia
É vibrante a melodia
Que canta com maestria
Pra só parar no refrão.
Faz sua improvisação
Cantando horas a fio,
Multiplicando por mil
Os oito pés do quadrão.

Se a chuva traz esperanças
Acabam suas andanças.
Já deixou suas heranças
Na cultura da nação.
Só quer voltar pra seu chão,
Ver sua terra de novo
E cantar para seu povo
Os oito pés do quadrão.

Com todo merecimento
Dou o reconhecimento
Pelo seu grande talento,
Poeta lá do sertão.
E faço uma afirmação:
Serei sempre, cantador,
Singelo apreciador
Dos oito pés do quadrão.

Carlos Alê
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