Uma triste esperança...

 
 
 
Acalento em meu peito uma triste esperança...

Sonho com o dia em que o desamor

Se tranforme em estima e importância

E que, num forte abraço, eu possa esquecer a dor

 

 

A dor da indiferença daquele de quem carrego o sangue nas veias

A dor pelo abandono afetivo e por ele ter me ignorado a vida inteira

A dor por eu nunca ter recebido uma explicação

A dor por ele ter gerado uma ferida em meu coração

 

 

De pai, eu não posso chamá-lo, 

Visto que ele nunca esteve ao meu lado 

Dele, eu nunca recebi amor 

Apenas seus genes, ele me doou

 

 

Ainda assim, eu desejo encontrá-lo um dia... 

Mesmo que ele nunca queira me chamar de filha 

Mas ele não pode negar que me gerou 

Pois sua aparência, em mim, ficou

 

 

Tão semelhantes, tão distantes... 

Ele nunca me procurou 

Eu tentei me aproximar, vacilante, 

E um muro de indiferença se levantou

 

 

Agora, choro sozinha... 

Como num eterno luto 

Pois, desde criancinha, 

Sonhei que era doce quem, na verdade, é um bruto

 

 

  

(Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira)