Pulei as reticências ...
Me prendi nas lembranças de um passado distante
que me trouxe até aqui, ofegante.
Que me fez, me refez...
Por que pensar num futuro que pode nem vir?
Então desprezei as reticências,
acontecimentos não vividos,
momentos contidos no incontido da vida.
Marquei com asteriscos
os passos seguros que andei
e me levaram a ancorar portos seguros
(anjos que, de repente, suavizam os caminhos).
Desviei dos que caminhei entre falsos atalhos
e causaram tantos transtornos e retornos.
Gravei nas entrelinhas
os bastidores por onde passei,
onde os suores se intensificam
e a espera justifica a lição que sempre fica,
enfatizando o aprendizado, refazendo cada ato,
deixando apto a conquistar o palco
onde a vida representa a arte
ou a arte é a própria vida.
Risquei as interrogações
das perguntas que não mais farei,
respostas que jamais vieram
e se vierem, não serão as que busquei...
Tanta demora não mais vigora
num tempo que anseia pelo agora.
Abastar-me-ei de exclamações;
a perplexidade comanda a humanidade.
Após as vírgulas, pequenas pausas ,
tão necessárias para o recomeço,
recobrar o fôlego, respiração precisa,
concisa , antes de novo arremesso .
De sonhos preencher lacunas,
apagando marcas de esmorecimento.
Estar feliz comigo mesma
no momento certo do ponto final.
(Carmen Lúcia)
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