No dia em que meus olhos abriram
não vi apenas o pássaro,
vi seu voo perdendo-se no horizonte.
Não vi apenas as árvores,
vi o verde refulgente que lhes cerca.
Não vi apenas o céu,
vi seu azul em todos os possíveis tons.
Não vi apenas as flores,
vi todas as formas que elas trazem em si.
Não vi apenas a cidade,
vi os campos nela enraizados.
Não vi apenas a solidão,
vi as mãos nela estendidas.
Não vi apenas a dor,
vi os preceitos nela contidos.
Não vi apenas o fogo,
vi aquilo que ele não alcança.
Não vi apenas as águas,
vi aquilo que elas levam e trazem.
Não vi apenas a terra,
vi os frutos que dela nascem.
Não vi apenas o rebento,
vi a imensidão que ele alimenta.
No dia em que meus olhos abriram,
vi que tudo que vejo,
ainda é muito pouco,
diante do que ainda posso ver,
quando meus olhos se abrem.
Cris Campos