Tenho reaprendido o caminhar,
desaprendido os passos largos e áridos,
estancado os rompantes,
reencontrado os mais absortos,
aqueles que, antes de completar o ato,
já engoliram o mundo.
Tenho reaprendido o olhar,
desaprendido os vazios e desentendidos,
cerrado os cansados e desiludidos,
reencontrado os mais silenciosos,
aqueles que, antes de abrirem no todo,
já disseram tudo e mais um pouco.
Tenho reaprendido o sorriso,
desaprendido os amarelados e sem graça,
guardado os indesejados e inconvenientes,
reencontrado os mais doces e suaves,
aqueles que, antes de alcançarem o som dos lábios,
já aqueceram e confortaram.
Tenho reaprendido as mãos,
desaprendido as inquietas e fechadas,
acalmado as de dedos roídos,
reencontrado as mais lentas no dedilhar,
aquelas que, antes de fazer vibrar no toque,
já inundaram a atmosfera de sons.
Tenho caminhado a passo completo,
com o olhar taciturno,
delicado sorriso nos lábios
e nas mãos,
uma flor.