Saudade
Não mais a inocência estampada,
tatuada no rosto, no gosto, nos traços,
nos passos da ingenuidade, tenra idade,
quando a verdade feito um baluarte
sustentava a vida chamada Felicidade.
Não mais a magia do encanto,
do surpreendente rondando os cantos,
do inesperado sendo realizado,
da alegria num sorriso franco...
Não se escrevia...Via-se poesia!
Pintada num cenário surreal,
interpretada pela euforia de cada coração
onde a emoção brincava além das fronteiras
ultrapassando o ápice da abstração.
Não, agora não mais assim...
Nada acabou, tudo se transformou.
A ingenuidade vira maturidade,
a inocência chega ao fim.
Felicidade se reduz a momentos
poucos, parcos, finitos enfim...
A vida mostra uma outra face,
cara lavada, sem disfarces...
O mundo fica pesado, profundo,
o sorriso não sai espontâneo,
o encanto gera desencanto...
Ainda resta a poesia;
nada ou ninguém irá roubar.
Ela traz a primavera todo dia,
na janela...Bailando no ar!
Vibra a emoção adormecida
permeando sonhos que persistem
refletidos nas flores, nas cores,
nos amores que ainda existem,
vivos em lembranças que hoje
se chamam Saudade.
_Carmen Lúcia_
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