Rio Douro - II
 
Rio Douro, Rio Douro
Ao adentrar Portugal
Mudaste teu corredouro
Amansando-o por igual
 
Tua fúria indomável
Dez barragens blindaram.  
Viraste rio navegável
Nas albufeiras que criaram 
 
Através das eclusas
De uma a outra se transpõe
E o novo rio, acusa
Que a correnteza se foi.
 
Tua fonte de riqueza
É inestimável, também
A boa gente portuguesa
Quer-te, igual à sua mãe
 
Tiraram de tuas margens
As azenhas promissoras
Deram-te novas aragens
Com barragens geradoras
 
O progresso conquistado
Enriqueceu a nação
Cada qual tem o seu fado
O teu, dá-me emoção
 
Rio Douro, Rio Douro
Quantas saudades me trás
Se já eras um tesouro,
Miranda, não fica a trás
 
O Douro, na minha terra
Corria veloz para o mar
Os diques, o curso emperra
Caminha agora, devagar
 
Corria alegre, contente
Nos tempos que já lá vão
Hoje, tudo é diferente
É gradativa absorção
 
Rio Douro, Rio Douro
Em tua direção à foz,
Levas precioso tesouro
Não precisas ser veloz
 
Sem socalcos a percorrer
Silencioso caminhas
Régua abaixo, é teu dever
Levar o suco das vinhas
 
O Rabelo levas as pipas
Num horizonte sem fim
O barqueiro coça as tripas.
Na foz, come um *bacorim.
 
·        *Pequeno leitão
·        
 São Paulo, 12/09/2012
 Armando A. C. Garcia
 
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ARMANDO A. C. GARCIA
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