É setembro mágico
Sabe, eu acho que perdi a inspiração, o gosto, já não sinto o aroma das flores, embora o vento jogue em meu rosto uma enorme quantidade de poeira nostálgica de tempestades passadas. Sinto saudades, o amargor das perdas sempre a martelar a minha cabeça, como se eu pudesse tido como evitá-las. Eu não sei! Se não sou orgulhoso e a simplicidade das nascentes, de limpas e cristalinas águas deságuam em oceanos de imensa podridão, eu também, tenho os sentimentos mais puros em meu ser que mesmo assim, não me posso furtar dos encontros e desencontros nas ruas da vida, nas armadilhas urdidas do destino e, por isso me escondo das tempestades nos tempos de ira e me refugio nas nuvens azuis e brancas de meus mais belos sonhos de ainda um dia ainda te encontrar, sair por aí sem hora marcada para chegar, viajar como andarilhos sem rumo, correr sobre as nuvens e velejar sem barco, sem velas e rumo, simplesmente deslizar sobre as brumas, acima de brancas espumas e com elas flutuando até o destino final, que nem mesmo sei qual, tu o sabes? O que nos preparou a vida, se o amor nos espreita ou se quer nos enrodilhar como os fios dourados dos dias de gloria e de felicidade sem par, ou de nós se afastar quem sabe fazendo mais uma vez que corramos juntos novamente em busca um do outro ou mesmo de algo que se possa nominar de felicidade, e por isso, eu prefiro beijos com abraços e não abraços sem beijos... E Hoje eu acordei mais apaixonado que nunca, aquela sensação terrível de solidão que há séculos me assola, voltou. Eu olho para cima, para baixo e mesmo para os lados e nada encontro a não ser o vazio e as marcas que os meus passos deixam a cada vez que te busco e, às vezes me pergunto se eu amo demais ou se de menos, ou se talvez, ninguém mais se interesse por mim ao ponto de me dizer que gosta um pouquinho só de mim, embora não esteja apaixonada como eu, mas seria já um alento... Em menos de 30 dias estarei mudando de idade, farei 62 anos e isso me apavora porque eu estou só, não sei até quando ou se definitivamente o destino me preservou tal castigo. Estive tantas vezes tão perto e não tive como me aproximar de ti e dizer que te quero sempre comigo, faria qualquer coisa no mundo para voltar o tempo, mas eu sei que não existe essa possibilidade. Caminhar sozinho, sair por aí cantarolando musicas de Luís Melodia ou mesmo de Caetano Veloso, brincando com o vento, ou mesmo fazendo mímicas sobre a luz do abajur quando deitado, só para ver a sombra na parede lateral... Incrível, mas quando se é só, aprende-se a improvisar coisas que jurávamos nunca fazer. Como falar só, planejando, discutindo o próximo passo que vivenciarei em outro sonho e, que pelo menos nesse eu não esteja sozinho e que possa comentar contigo. Mas creio que eu seja companheiro do vento, da chuva, do sol e continuo a acalentar quimeras e embalando desejos de que houvesse uma noite que fosse só nossa, nas encostas de uma montanha azul ou a beira de um lago dourado e que no âmbito desse sonho o amor fosse a palavra chave para torna-lo real, a paciência e o tempo apenas uma sintonia entre a emoção e a razão e uma vida nova, repleta de expectativa, sem nos importar com as celulites e os sinais do tempo que com certeza são mais belos em você que em outras mulheres porque te amo e setembro tem a magia do amor, tudo pode acontecer...
Airton Gondim Feitosa
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