A infalibilidade de vida e morte,
num espaço entre ontem e o futuro,
a sina de viver.
Necessário ter algum sonho,
alimentar-se de alguma esperança,
buscar, assim, consolar-se
com lembranças agradáveis.
E se estas não existirem,
criar fantasias
que tenham essa finalidade.
Personagens e relações desejáveis,
um delírio conduzido a partir da razão.
Profundo mergulho
no abismo da intimidade
do próprio ser,
abandonando o medo,
cortando as amarras,
perdendo-se da segurança.
Desafiando-se,
tomando as vestes de andarilho,
lutando pela própria alma.
Enfrentando as ofertas tentadoras
do folclórico diabo,
tratando-o com certo desaforo,
amando a Deus em silêncio.
Fazendo-se de tolo,
simulando maldade,
mas vivendo no bem.
Acima de tudo pode
haver um ideal supremo,
onde não basta a ação,
mas se faz necessária a atitude.
Não é suficiente a vontade,
pois esta deve ter o batismo da virtude.
E então, o sublime ideal,
ser livre e não ser só.
Ser liberto em meio
a outros libertos,
porque que a liberdade
dependerá sempre dos libertados,
pois que as asas dos anjos
se adquirem com os pés na terra.
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