sob as marquises
ainda existem vidas
mesmo desprovidas de qualquer outra chance
sob as marquises
ao alcance dos seus olhos
a vida definha sem pestanejar
sob as marquises
fomenta-se reprises
de tudo que deveria evaporar
sob as marquises
todos os limites da tolerância
se alongaram além do sem-fim
sob as marquises
não há mais luz
as trevas se aproximaram de mim
sob as marquises
não há fator sorte
a vida tem cheiro de morte
sob as marquises
tudo é muito concreto e frio
todos os espasmos e arrepios
são de moléstias incuráveis
alojadas essencialmente na alma
dos que protagonizam a cena e
também naqueles que observam inertes
sob as marquises
existem em toda volta
abismos - buracos negros
não visualizados fisicamente
mas, aptos a receber vorazmente,
qualquer sopro de vida!
sob o triste olhar
das suntuosas e degradadas marquises [...]
marcos leonidio
numa manhã qualquer de dezembro de dois mil e oito