Revesti-me de ternura quando afinal te encontrei. E de melodias me trajei para receber-te em meus madrigais, até então emudecidos, sem a tua relevância para ser cantada.
 
No silêncio, a voz de meu anseio gritou teu nome ao te ver, e desde então passei a tecer nuvens para que teu sol as colorisse. E a criar flores para que teu aroma as impregnasse. E me lancei ao ar feito semente de dente-de-leão, carregado pela brisa de teu amor, ansiando no solo de teus dias germinar e criar raízes.
 
Não, não és sonho, eu sei, embora assim pareças. Eu posso tocar-te! Tua forma é de carne e ossos e sangue e músculos e células, como bilhões de outras criaturas humanas. Mas não para mim. Para mim, tua vida é única. Teu riso borda estrelas em meu firmamento; teus olhos me inundam como a maré alta dos oceanos; teu corpo é minha ponte para o infinito.
 
 Em meu peito fizeste morada. Em meu peito fulguras como chama perene, que me incandesce desde a pele até as entranhas. Em meu peito estás presente a cada pulsar de meu encantado coração.
 
Senhora de meu amor, sede insaciável de minha virilidade, és a extensão de meu ser, que se embevece ao teu toque, que se revigora em tua luz, que ganha viço ao sentir teu perfume, que anela tua presença a cada instante. Encontrar-te é como ouvir a música de pétalas se abrindo. Deixar-te é como dormir sem sonhar.
 
Saudade e incompletude, abandonai meu recinto, pois vossos dias de dor não são bem-vindos! Por muito tempo drenastes a minha seiva. Eu não vos quero mais.
 
Crava tua paixão em mim e firma-te como um alicerce de aço, meiga amada. Amalgama-te em meu ser para que dois se tornem um. Dá-me tua aurora para que a noite da alma se desvaneça como fogo-fátuo e os raios de teu dia se instalem em meus campos para sempre.
 
Te amo.
 
 
 
 
 

HC
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