A FACA INVISÍVEL
( Para o Antonio Pereira )
Uma visagem no canto da sala
era o fantasma de minha mãe
ou talvez um viajante de passagem
trazendo noticias de meu velho pai
A noite terce o fio de uma lembrança
que se escora no abraço da saudade
e fujo de mim num pensamento
pra bem longe, bem longe
pra um lugar qualquer que não sei onde
e lá me espero só, quieto, inviolável
contradizendo o tom dessa garganta
e grito, e grito, e grito
até não mais sentir a angustia dessa faca
que atravessa a minh’alma
e dilacera e mata.
GONZAGA BLANTEZ
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