Foi lá por mil, seiscentos… dezasseis
Com os caminhos marítimos abertos
Já mais nada era longe, tudo, perto
Que atinou-se o interesse do holandês
P’ra o valor do café. Tanto ele fez
Que venceu numa grande emulação
O francês, o italiano e o alemão
Via Moka, levaram para a Holanda
O que nunca se viu naquela banda
Em estufas, na fria Amsterdão
Foi então que o francês, por um desvio
Lançou mão do café e lá em Dijon
Replantou ao ar livre e não foi bom
Bem merece um apupo e um assobio
Essa planta é do quente e não do frio!
Mas preciso é errar p’ra que se aprenda
O Mercado Flandrino segue a senda
Plantam pés na colónia tropical
Indonésia, e começa o carnaval
O café a fazer juz a tanta lenda
Já na corte do rei, dito O Rei Sol
Há que tempo, o café ditava a moda
Solimão Aga, um turco da alta roda
Festas fez, com café!.. Qual um farol
Reflectindo sua luz pelo arrebol
Luís XIV era muito bajulado
Dos presentes, um foi predestinado
Em oferta das Terras Baixas, veio
Lindo pé de café de um metro e meio
Que no “Jardin des Plantes”, foi plantado
Esse pé de café tão bem cuidado
Em Paris, só servia de ornamento
Mas jamais tal caiu no esquecimento
Pois ele é o mais antigo antepassado
Dos sabidos, que foram pr’o outro lado
Desse mundo, que é o Novo, onde outra vez
Já medravam cafeeiros do holandês
Filho do de Paris, na Martinica
Neto vai pr’a Guiana, por lá fica
E, de lá, p’ró Mercado Português
Era uma vez, era uma vez, era uma vez...
E o Brasil,
o que foi que ele fez?
Ele fez o café
falar português!
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