Para não mais acordar...
Em absoluta desesperança
Danço com meus fantasmas
Numa insana entrega
Até cair a máscara da noite?
Nem eu mesma sei
Desço a beira de um mar furioso
Ouço mais forte o barulho de suas ondas
Elas protestam, espumando em desespero
O som do vento é fúnebre
Meu coração se soltou do peito
Está a definhar, até a última batida
Velho coração angustiado, cansado
Deixo que esse coração teimoso se vá
Como o último navegante sem bússola
Numa noite sem fim
O breu da paisagem, me chama:
Vem sombra, vem para mim,
Triste como esta noite sem lua
O poema que nunca pôde nascer
Viveu no breu de uma falsa esperança
De perto, a escuridão
não para de me observar
Olhos frios, caminhos sem direção
Um barco que não aporta em lugar algum
Minha dança se finda
O mar avança, sem piedade
Deito-me na areia gelada
Vou adormecer o sentimento,
para sempre...
Para não mais acordar
Me abandono...
na dor desse abandono
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