Aquele olhar.
Adriana Janaína Poeta
(Registro EDA/BN)
Aquele olhar
que profundamente me tocou
como a chuva no verão,
o clarão do raio
em meio a uma tempestade,
o calor do sol
após a fria madrugada...
Aquele olhar de noite e luar,
de estrela e encantamento,
de abismo e oceano à noite...
O mesmo olhar que vasculha meu ser,
que fecunda o rio,
que desagua em mar,
estranho desafio...
O olhar de trigo banhado de sol,
nuvem brincando de vento,
mar bravio,
areia levada pela brisa na primavera...
Quando meu olhar encontrou o teu,
algo diferente aconteceu,
cruzou o ocidente e oriente
num piscar de pálpebras.
Magicamente o amor nasceu.
Aquele olhar,
montanha e fogo,
palácio divino,
encontro das águas
da cachoeira com o mar,
fez estremecer a terra
e engrandecer o céu...
O mesmo olhar onde reina a lua
e as aves chegam em revoada.
Olhar de sereno e jasmim,
avenca e verbena,
margarida e sal.
Naquele momento especial,
quando um homem e uma mulhar
descobriam a força do amor,
a poesia, eterna arte,encarnou-se.
De mãos dadas e corpos nus,
enfim exaustos e embriagados,
Eros e Psiquê adormeceram,
embalados pelos antigos deuses do Olimpo,
a fina flor dos redimidos.
Tua mão continuava na minha,
teu amor impregnado em meu corpo,
cada célula pulsando em êxtase...
Nós dois éramos apenas um.