“SEU BETICO” I O PITO DI PÁIA
Assim qui a chuva passô
I raio num caiu mais
Liguei u cumputadô
Pra num ficá para tráiz!
Si bem qui essas lembrança
Quaiz que mi fêiz é chorá
Mi alembrei, cuâno criança
Meu pai u fumo a inrolá.
Sai tristeza – vêi bonança
Ocupô u seu lugá!
Picânu fumu di corda
Mi alembra meu véio pai
Minha aligria transborda
A sódadi sobressai
Nus tempu qu’êli sentava
No degrau de nossa porta
O fumo eli picava
- Ao passado mi transporta
Da mocidadi qui tava
Abrinu suas comporta.
Minha mãe, Dona Vicência,
Gritava – “Vem cá, Betico!”
- Cum toda sua pacência
E um tom quase pudico.
Fazia um café quentinho
E meu pai si deleitava
Sorvia cada golinho
Enquanto eli pitava
Seu gostoso cigarrinho
De paia qui eli gostava!
U meu tio Izaltinu
É quem trazia da roça
U fumu tão genuínu,
Prantadu atráiz da paioça
Trazia também u queijo
Qui tia Augusta fazia
Ai, meu Deus! Quantu deseju
Di vortá naquêlis dia
Mai ôji im dia eu vêju
Qwui era bão i eu num sabia!
(Milla Pereira)
Este Cordel foi feito para atender um desafio do Sexteto
(6 poetas e cordelistas do Recanto das Letras)Aqui mesmo, no computador.
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