Saudade não é uma palavra triste,
Mas sim, a proliferação da tristeza.
Ao nos afastarmos dos entes amados,
A lembrança faz enlouquecer de amor.

Saudade, portanto, desperta o sentimento.
O torna mais e mais sublime e dorido.
Mas como enfrentar o que não se vê.
Como fugir daquilo que vive em nós.

Saudade, então, não é uma palavra,
São vários sentimentos num só.
Esse que passa a ser somente dor,
De quem não se vê, mas sempre existiu.

Pior saudade é a daquilo que não se viveu.
Não deixou lembranças de momentos felizes.
Não deixou lembranças de momento algum.
Somente esse sentimento que fala, que clama.

Saudade daquilo que podíamos ter feito,
Daquilo que devíamos ter vivido.
Essa se eterniza, sempre será sentimento.
Nunca materializou-se e por isso é eterna.

Essa saudade que tanto proclamo.
É aquela que diviniza o ser amado,
O coloca para sempre em um pedestal,
Puro, imaculado, inalcançável, vestal.

Essa saudade é do ser em sua essência,
O que nunca foi tocado, somente idealizado
A cada dia mais e mais, imensurável.
Tão próximo e tão distante, torna-se mito.

Saudade tão intensa qual o sentimento
Que cresce sem cessar, avassalador.
Tanto quanto o amor, a dor, o terror
De perceber que o sentimento destrói.

Saudade imponderável que corrói.
Torna o ser amado etéreo.
O que ama, nefando, horrendo,
Indigno do próprio sentimento.


Saudade não é só uma palavra,
É um mal que não tem fim,
O bem que acabou, morreu, passou,
Mas é ainda pior, quando nunca existiu.

Brasília-DF, 09 de outubro de 2009

Claudio Reus
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