Como esconder a verdade?

Como esconder a verdade?

Quem sabe se eu risse a cântaros,
mostrasse a face desconhecida,
riso imbuído de mágoas,
de futilidades estabelecidas,
abrir-se-ia novo cenário,
passarelas de falsos amigos
cobrindo-me de flores surradas
assim como seus parcos sorrisos
querendo brindar comigo
o riso forçado e inibido,
enquanto os soluços da alma
irrompem por serem traídos...

Quem sabe se até gargalhasse
e virasse de pernas pro ar,
um palco seria estendido
para meu personagem atuar
cenas banais, amores persuadidos,
aplausos soariam tão fortes
como a mentira conivente
da intérprete que transborda e mente
uma reles história irrisória,
enquanto por dentro chora
a sua verdade escondida,
essência que a ninguém interessa,
o que ninguém mais apreça,
e o que tanto espero...

Valores já esquecidos,
como chorar num ombro amigo

meu pranto sincero.

 

Carmen Lúcia